Mulheres no automobilismo: barreiras e conquistas
| FOTO: RACE FANS |
Após a Segunda Guerra Mundial, houve um grande salto na indústria automobilística, fazendo com que o automobilismo atingisse proporções cada vez maiores. Em 1950 foi criada a Fórmula 1, maior competição automotiva do mundo, a fim de unir todas as corridas de Grand Prix em uma só competição mundial.
Desde então, a disputa dos corredores traz alegria aos espectadores, que torcem, comemoram e se emocionam a cada volta, a cada título, a cada vitória. Muitos pilotos deixaram suas marcas na história do automobilismo e tornaram-se ídolos, como o alemão Michael Schumacher, Juan Manvel Fangio, Alain Prost e até mesmo os brasileiros Nelson Piquet e Ayrton Senna, que é considerado por muitos, um dos melhores pilotos da história.
Apesar de ser um dos esportes mais populares do mundo, o automobilismo é um dos mais caros, pois envolve alta tecnologia para a fabricação de carros apropriados para as corridas, fazendo com que exista muita comercialização, envolvendo muitos fabricantes, engenheiros, mídia e principalmente patrocinadores. Toda essa complexidade exige alto investimento na formação de pilotos. Para construir uma carreira no automobilismo, precisa ter um bom poder aquisitivo ou então contar com a sorte de um apadrinhador que queira investir. Talvez esse seja o maior obstáculo que as mulheres enfrentam na tentativa de ingressar no esporte.
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| Foto: Razão Automóvel |
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| Foto:ACP |
Além de Filippis, algumas outras mulheres adentraram em grandes torneios, como Lella Lombardi em 1975, que conquistou o melhor resultado de uma mulher na F1, mais precisamente no GP da Espanha. Divina Galica e Desirée Wilson também competiram a modalidade e por fim, Giovanna Amati foi o último nome feminino inscrito em uma corrida de Fórmula 1, em 1992. Desde então nenhuma outra mulher conseguiu ocupar uma das 20 posições da maior competição automobilística do mundo.
Entretanto, a história das mulheres no esporte a motor possui mais nomes. Em 1982, Michele Mouton foi vice-campeã mundial de Rali, já em 2001 Jutta Kleinschmidt venceu o Rali Paris-Dakar e a única mulher a vencer uma corrida na Fórmula Indy foi Danica Patrick, que também conquistou a pole-position da Nascar, algo nunca alcançado antes por uma mulher. Algumas brasileiras também desfrutaram do cenário automotivo e adicionaram mais realizações femininas ao esporte, como Suzane Carvalho, Débora Rodrigues, Bia Figueiredo, entre outras.
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| Foto: Roma News // Na imagem a pilota Beatriz Figueiredo |
Existem muitos relatos de que havia um perverso preconceito que, além de causar desconforto, colocava suas carreiras em risco, já que muitas vezes os pilotos realizavam manobras para colocar o carro fora da pista, a fim de eliminar as competidoras. Algumas equipes distribuíam equipamentos inferiores para as mulheres, havia muitas piadas de mal gosto e infelizmente eram obrigadas a ouvir com frequência a expressão “perder para mulher é vergonhoso”.
Atualmente temos exemplos desse tipo de discriminação quando o consultor de equipe da Red Bull, Helmut Marko, diz ao jornal Kleine Zeitung que "A Fórmula 1 é muito física para as mulheres". "Se você está pilotando a 300 km/h e tem uma luta roda a roda, então a brutalidade é parte disso, não sei se isso é da natureza feminina. Você tem de estar em forma na Fórmula 1 e precisa de uma força insana desde o ombro”. Segundo ele, as mulheres não têm capacidade de competir devido a força exigida pelo esporte e isso não faz parte da natureza feminina. Evidenciando mais ainda a rejeição que existe na elite do automobilismo.
Apesar dos grandes feitos realizados por elas, a ausência das mulheres no automobilismo ainda é muito evidente. Não se pode negar que nos últimos anos o cenário vem melhorando, entretanto ainda há muito a ser reparado. É possível acompanhar algumas competidoras que se arriscam em determinadas categorias, como o caso da brasileira Beatriz Figueiredo, que atualmente corre na Stock Car. Bia também obteve outros grandes sucessos na carreira, sendo a primeira mulher no mundo a conquistar o pódio mais alto na Fórmula Renault e em uma corrida da Indy Lights, além de se tornar a primeira brasiliana a disputar as famosas 500 Milhas de Indianápolis, que é uma das mais tradicionais e importantes corridas do mundo.
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| LOGO WSERIES |
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Hoje, são vistas como inspiração e exemplo para todas as mulheres que sonham em fazer parte do automobilismo, como a jovem catarinense Bruna Tomaselli, que corre pela USF2000 nos Estados Unidos e está tentando uma vaga no grid da W-Series.
Todas as mulheres que fazem parte da história feminina no automobilismo, são consideradas guerreiras por enfrentarem todos os obstáculos existentes em um universo repleto de hostilidade.
Literalmente é uma corrida pela igualdade, por mais visibilidade, mais apoio e aceitação. Não somente no automobilismo, mas em muitas outras modalidades esportivas. As mulheres estão em uma constante luta para conquistar seu espaço. Muito já foi feito, mas ainda é necessário muito mais, uma reparação histórica, o mundo deve isso a elas.






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